domingo, 6 de maio de 2012

Os primeiros balanços: Santos e Internacional


Essa é, pode-se dizer, a síntese do balanço do Santos, o primeiro entre os grandes clubes brasileiros a publicar seu balanço de 2011, no que podemos chamar de safra oficial, ou seja, o balanço completo e definitivo, com as notas explicativas. A receita total do clube cresceu espetacularmente, nada menos que 62,3% em relação a 2010. Se fizermos a comparação com 2007 o percentual é ainda mais expressivo: 356%.


Santos: grande receita e grandes despesas

É nítido o impacto do que já podemos chamar “era Neymar”. Já em 2011, ao comentar o balanço de 2010 referi-me a ele como “Balanço movido a craques”, com um crescimento fantástico em termos percentuais sobre o ano anterior: 65%. Portanto, a receita do clube cresce mais de 60% pelo segundo ano consecutivo, um feito significativo. Mais à frente veremos item por item como foi composta essa receita, com e sem as receitas de transferências de atletas. Por enquanto, apenas o detalhamento:

 
Percebe-se facilmente o peso dos direitos de TV, alavancado pelas luvas e antecipação do novo contrato de cessão de direitos, válido a partir desse ano.

As despesas, sobretudo com pessoal, cresceram muito. Considerando somente a folha com os encargos e mais os direitos de imagem (principalmente, e que são parte da remuneração dos atletas) e arena, o total em 2011 foi de 78,3 milhões de reais. Esse valor sozinho corresponde a mais de 40% da receita total do clube ou a 66% das receitas operacionais do futebol, um índice bastante elevado. Esse nível de despesas (e há outras, naturalmente) levou o clube a tomar mais empréstimos e fazer adiantamentos de receitas, como 16,1 milhões referentes a direitos de transmissão a receber do Campeonato Paulista.

Um ponto positivo nesse balanço foi o alongamento do perfil de boa parte da dívida, contraída com membros e empresa da família do ex-presidente Marcelo Teixeira. Ao mesmo tempo, as despesas financeiras (pagamento de juros) caíram de 18 para 13 milhões de reais.

O quadro geral, todavia, ainda é preocupante e vai exigir muito trabalho, como destacado no final pela Ernst & Young Terco, responsável pela auditoria desse balanço: “O clube apresenta capital circulante negativo e passivo a descoberto. Assim, a continuidade de suas atividades está diretamente relacionada aos planos e esforços da administração com o objetivo de assegurar sua recuperação financeira…”

Ter o capital circulante negativo significa, trocando em miúdos, que todo o dinheiro do clube, bem como seu “estoque”, não seriam suficientes para pagar todas as contas de um ano, inclusive, é claro, a folha salarial.

Internacional: crescimento no marketing é a novidade
 
Em 2011 esse OCE destacou a importância e a receita dos sócios no balanço colorado durante o ano de 2010: Balanço movido a sócio. Em 2011 os sócios continuaram a dar a tônica do balanço, mas já tiveram o precioso auxílio do crescimento das receitas de marketing, que cresceram 107,6% (pelo menos de acordo com as contas detectadas por esse OCE), chegando a 40,9 milhões de reais (patrocínio, publicidade e licenciamento da marca).
 
Também com o auxílio do crescimento das verbas de TV, por conta do novo contrato de cessão de direitos do Brasileiro, basicamente, a receita evoluiu 12,7%, que é um bom índice em condições normais de mercado e operação. Como a receita com transferência de atletas caiu 25%, o resultado final ficou aquém do que seria desejável.
A folha de pagamentos e encargos, mais os direitos de imagem, atingiram o total de 96,5 milhões de reais, valor que representa, assim como no caso do Santos, por coincidência 66,2% do total das receitas operacionais.

Com esse nível de despesas o clube vê-se obrigado a trabalhar com adiantamentos de receitas. Em 2011 essa prática somou um total de 61,8 milhões de reais, com adiantamentos de receitas futuras de direitos de transmissão, patrocínios e suítes e camarotes.

Tanto o Internacional como o Santos – e praticamente todos os demais grandes clubes brasileiros, como veremos nos próximos dias, estão como um ciclista: precisam pedalar para manter-se em movimento e não cair. No caso dos clubes, o “manter-se em movimento” significa, idealmente, conquistar títulos que alavanquem as receitas. Não é a situação ideal para se administrar.

Fonte: Emerson Gonçalves - Olhar Crônico Esportivo

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