Quando
o Corinthians divulgou preliminarmente seu balanço em fevereiro, esse OCE
destacou os seus números espetaculares. Agora, com a publicação definitiva, não
há como fugir da mesma chamada, pois fechar o exercício com receita total de
290,5 milhões de reais, equivalentes a cerca de 126 milhões de euros pelo
câmbio em 2011, ou 116 milhões de euros pelo câmbio de hoje, é algo realmente
digno de nota.
Como
também destaquei em 2011, esse crescimento foi alicerçado na montagem de bons
times e na presença de um jogador que desequilibrou positivamente, que foi
Ronaldo. Um olhar rápido sobre as receitas do período 2007/2011 dá uma dimensão
melhor do significado desses valores:
Se
tomarmos o ano de 2008, em que o clube disputou a Série B do Campeonato
Brasileiro, o resultado desse crescimento é ainda mais alto: 147,2%.
Independentemente de problemas e também do aumento da dívida, é inegável que
houve um excelente trabalho da direção do clube nas diversas áreas: técnica,
marketing, financeira e na gestão como um todo. O apoio dos torcedores e o bom
retorno do mercado aconteceram por existir um time em campo dando conta do
recado.
Aproveito
para enfatizar uma vez mais que o sucesso de um time não pode estar atrelado,
obrigatoriamente, à conquista de um ou mais títulos. Boas campanhas,
entretanto, são obrigatórias. Disputar os títulos é obrigatório para um grande
clube, capacitado financeiramente a montar e manter bons elencos e a partir
deles manter-se na ponta das competições que disputar. Títulos vêm, ou devem
vir, preferencialmente, como frutos de trabalho bem desenvolvido, de forma
permanente. Quando acontecem, o clube e o time crescem na exposição, no
conceito e na torcida. O oposto disso tudo é montar time para “ser campeão”,
atrelando tudo à conquista de um título. Às vezes dá certo, geralmente não dá
nada certo, pelo contrário. E a única coisa que os clubes que assim agem ganham
são enormes dívidas.
A
divisão da receita de 2011 pelas diversas áreas mostra, também aqui, o grande
peso do novo contrato de cessão de direitos de transmissão.
As
luvas e o adiantamento de parte do contrato engordaram bastante a
receita do ano, algo que não irá se repetir no atual exercício, quando teremos
um valor mais baixo. Vejam na tabela seguinte a evolução das verbas de TV nos
últimos anos:
Uma
previsão realista para 2012 indica uma receita nessa área na casa de 80 a 90
milhões de reais, ainda assim bastante impressionante. Em relação a 2010 as
receitas de marketing e bilheteria apresentaram pequenas quedas. No ano
corrente a bilheteria sem dúvida aumentará bem, em função dos preços médios dos
ingressos e do possível avanço de fases na Copa Libertadores. O mesmo,
provavelmente, não ocorrerá com a verba de marketing, que na melhor das
hipóteses manter-se-á em patamar próximo do de 2011.
O
clube aponta uma dívida de 178,9 milhões, valor que pode ser de 188,5 milhões,
ou até mesmo de 247,6 milhões, numa visão mais rigorosa. Considerando o valor e
os critérios declarados pelo clube, a dívida aumentou 46,5% de 2010 para 2011.
Dado o montante de receita nenhum desses valores chega a ser de fato muito
preocupante, embora parte deles refira-se a adiantamentos de receitas. Boa
parte dessa dívida já tem um perfil alongado para pagamento, não constituindo
um peso considerável sobre receitas futuras.
Fonte:
Emerson Gonçalves Olhar Crônico Esportivo
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