domingo, 6 de maio de 2012

Um balanço de quase 300 milhões



Quando o Corinthians divulgou preliminarmente seu balanço em fevereiro, esse OCE destacou os seus números espetaculares. Agora, com a publicação definitiva, não há como fugir da mesma chamada, pois fechar o exercício com receita total de 290,5 milhões de reais, equivalentes a cerca de 126 milhões de euros pelo câmbio em 2011, ou 116 milhões de euros pelo câmbio de hoje, é algo realmente digno de nota.

Como também destaquei em 2011, esse crescimento foi alicerçado na montagem de bons times e na presença de um jogador que desequilibrou positivamente, que foi Ronaldo. Um olhar rápido sobre as receitas do período 2007/2011 dá uma dimensão melhor do significado desses valores:
 
Se tomarmos o ano de 2008, em que o clube disputou a Série B do Campeonato Brasileiro, o resultado desse crescimento é ainda mais alto: 147,2%. Independentemente de problemas e também do aumento da dívida, é inegável que houve um excelente trabalho da direção do clube nas diversas áreas: técnica, marketing, financeira e na gestão como um todo. O apoio dos torcedores e o bom retorno do mercado aconteceram por existir um time em campo dando conta do recado.

Aproveito para enfatizar uma vez mais que o sucesso de um time não pode estar atrelado, obrigatoriamente, à conquista de um ou mais títulos. Boas campanhas, entretanto, são obrigatórias. Disputar os títulos é obrigatório para um grande clube, capacitado financeiramente a montar e manter bons elencos e a partir deles manter-se na ponta das competições que disputar. Títulos vêm, ou devem vir, preferencialmente, como frutos de trabalho bem desenvolvido, de forma permanente. Quando acontecem, o clube e o time crescem na exposição, no conceito e na torcida. O oposto disso tudo é montar time para “ser campeão”, atrelando tudo à conquista de um título. Às vezes dá certo, geralmente não dá nada certo, pelo contrário. E a única coisa que os clubes que assim agem ganham são enormes dívidas.

A divisão da receita de 2011 pelas diversas áreas mostra, também aqui, o grande peso do novo contrato de cessão de direitos de transmissão.
 
As luvas e o adiantamento de parte do contrato engordaram bastante a receita do ano, algo que não irá se repetir no atual exercício, quando teremos um valor mais baixo. Vejam na tabela seguinte a evolução das verbas de TV nos últimos anos:
 
Uma previsão realista para 2012 indica uma receita nessa área na casa de 80 a 90 milhões de reais, ainda assim bastante impressionante. Em relação a 2010 as receitas de marketing e bilheteria apresentaram pequenas quedas. No ano corrente a bilheteria sem dúvida aumentará bem, em função dos preços médios dos ingressos e do possível avanço de fases na Copa Libertadores. O mesmo, provavelmente, não ocorrerá com a verba de marketing, que na melhor das hipóteses manter-se-á em patamar próximo do de 2011.

O clube aponta uma dívida de 178,9 milhões, valor que pode ser de 188,5 milhões, ou até mesmo de 247,6 milhões, numa visão mais rigorosa. Considerando o valor e os critérios declarados pelo clube, a dívida aumentou 46,5% de 2010 para 2011. Dado o montante de receita nenhum desses valores chega a ser de fato muito preocupante, embora parte deles refira-se a adiantamentos de receitas. Boa parte dessa dívida já tem um perfil alongado para pagamento, não constituindo um peso considerável sobre receitas futuras.

Fonte: Emerson Gonçalves Olhar Crônico Esportivo

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