Em
31 de dezembro último o São Paulo completou três temporadas sem conquistar
nenhum título, depois de uma fase brilhante de 2005 a 2008. Apesar da seca,
o nível de receita do clube manteve-se em bom patamar, coma segunda maior
receita entre os clubes brasileiros, mesmo considerando sensível queda em
algumas receitas, como patrocínio, sócio-torcedor e bilheteria:
Olhando
os balanços dos últimos anos, fica claro que parte desse resultado deve-se ao
desempenho da Unidade de Negócios Estádio, como é designado internamente o
Morumbi. Como já mostrado em posts anteriores, desde a gestão de Marcelo
Portugal Gouvêa o estádio passou de um grande elefante cinzento e consumidor de
recursos para a maior fonte de receita depois dos direitos de transmissão, ora
empatando, ora ganhando do mix de receitas de marketing – patrocínio,
publicidade e licenciamento.
No
último exercício, essa importância é facilmente demonstrada pelo percentual de
participação do item Bilheteria/Estádio/Sócio-Torcedor sobre o total das
receitas operacionais do futebol: 35,8%. Sobre a receita total do clube, essa
participação passa para 28,0%. Na composição desse mix, tivemos a seguinte
distribuição: bilheteria com 18,2 milhões; sócio-torcedor com 3,3 milhões (uma
queda de 38,3% em relação à receita do ano anterior, claro indicativo dos
problemas que o programa atravessa no clube e também do mau desempenho do time
nas competições); e o estádio teve uma receita total de 41,4 milhões de reais.
Portanto, o “Cicero Pompeu de Toledo” respondeu por 36% da receita operacional
total do futebol, ou ainda 28% da receita total do clube. Esses números mostram
claramente a importância cada vez maior do estádio para o clube e é,
igualmente, uma fonte para análises pelos clubes que já têm estádio próprio e
para os que estão construindo-os.
O
balanço do São Paulo é o que apresenta a melhor discriminação de receitas e
despesas do futebol brasileiro, permitindo análises melhor embasadas e bastante
interessantes, como no caso, por exemplo, das despesas com pessoal. Em 2010 o
total da folha foi de 87,6 milhões de reais, com um gasto médio mensal de 7,3
milhões de reais. Em 2011 o total da folha passou para 95,8 milhões, resultando
numa média mensal de 8 milhões de reais.
Com
o caso Oscar ocupando espaço na mídia, é interessante ver o quanto o clube
gasta com a formação de jogadores no Centro de Formação de Atletas de Cotia:
16,3 milhões de reais em 2010 e 19,3 milhões em 2011.
Nem
tudo são flores, porém. O passivo do clube, desconsiderando dois lançamentos
futuros componentes de folhas salariais, tal como no ano anterior, pulou de
164,0 para 232,5 milhões de reais, ou seja, um aumento de 41,8%. Com uma dívida
total de 102,9 milhões para instituições financeiras, esse foi o item de maior
peso nesse crescimento, a partir do salto sobre o ano anterior, quando esse
item somou 69,7 milhões de reais, um aumento da ordem de 47,6% de um ano para
outro.
Tal
como no caso do Corinthians, se não é um número que causa grande preocupação,
dado o volume de receitas, não deixa de requerer uma atenção maior, até porque
os custos financeiros dessa dívida são altos: 18,2 milhões de reais.
Fonte:
Emerson Gonçalves Olhar Crônico Esportivo
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