Flamengo, sem cotista máster. - Fonte: Alexandre Loureiro / VIPCOMM |
Uma entressafra. Com grandes
times de futebol como Flamengo e São Paulo sem patrocínio máster, e muitos
outros sem conseguir vender outros ativos na camisa, os meses de janeiro e
fevereiro se repetem como aqueles em que poucos aportes são obtidos pela elite
nacional, sobretudo de empresas que não tinham contrato vigente até o fim do
ano anterior.
Ao Internacional, por
exemplo, resta comercializar os ombros do uniforme, a última cota disponível,
pois o Banrisul ocupa a máster, e a Tramontina, as mangas. Mas as negociações
andam frias nessa fase do ano. “É como costumam dizer: o Brasil só começa
depois do Carnaval”, conta Jorge Avancini, diretor de marketing colorado.
À Máquina do Esporte,
outros clubes deram relatos quase idênticos. O Cruzeiro, depois de perder a
Netshoes em dezembro passado, visitou todo o mercado à procura de um
substituto. Até agora, segundo Róbson Pires, diretor comercial e encarregado
pela captação de aportes no clube mineiro, houve negociações com várias empresas,
mas o período do ano não ajuda.
Até o momento, poucas foram
as equipes que conseguiram desencalhar alguma propriedade. O Palmeiras
conseguiu inserir a Kia Motors na cota máster, mas não deixou de ter
dificuldades para vender os ombros, local que já vem sendo dito como “quase
fechado” há vários meses. O Bahia pôde acertar com a Netshoes, e a Portuguesa,
com a Irwin, em um negócio que já era dado como certo desde o fim da temporada
passada.
A quantidade de patrocínios
de longa duração divulgados entre janeiro e fevereiro não difere muito do ano
passado. À época, BMG e Netshoes decidiram patrocinar o Santos, enquanto a
Netshoes também assinou acordo com o Atlético-PR, e a TIM completou o ciclo de
patrocínios com o São Paulo. No mais, o que se viu foram mais cotas abertas e
menos negócios concretizados.
“Todo ano tem essa
entressafra, em que um time ou outro fica dois meses sem patrocínio, esperando
por uma proposta boa, ou pelos intermediários certos”, avisa Leonardo Salles,
sócio-diretor da Monday Marketing Esportivo, agência cujo foco está justamente
em intermediar patrocínios entre companhias e entidades esportivas.
Em um período com
campeonatos pouco interessantes, fica a sensação entre executivos e dirigentes
de que os preços dos ativos nunca são consenso. “Às vezes, o valor é feito em
cima da pressão feita pelo conselho, de precisar ter um recorde para falar que
vendeu melhor que a gestão anterior, e não algo como pegar um estudo da
Nielsen, da Informídia, para saber quanto vale a camisa”, aponta Fernando
Julianelli, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da XYZ.
Aportes
pontuais sobrevivem
Apesar de patrocínios de
longo prazo não serem fechados durante janeiro e fevereiro, uma espécie de
apoio volta a aparecer. Aportes ocasionais, com exibição de marca em apenas uma
partida, costumeiramente com transmissão em rede aberta pela Rede Globo. Os
alvos são, normalmente, rivais do Corinthians, como São Paulo, no Campeonato
Paulista, ou Deportivo Táchira, na Copa Santander Libertadores.
“Eu vejo, pelas empresas que
nos consultam, que elas entendem melhor o que é o negócio”, argumenta Salles,
sócio da Monday. “Antes, nós ligávamos para executivos, oferecíamos algo e eles
diziam que era caro demais. Hoje, todos já estão percebendo que não é, e o
mercado de pontuais está cada vez mais aquecido”.
Se em número de negócios
fechados essa modalidade de investimento ainda está menor do que em 2011, a
justificativa, segundo executivos de agências, está na quantidade de partidas
realmente atrativas já realizadas. Até o momento, ainda não houve a maior parte
dos confrontos que costumam atrair grande audiência, como fases decisivas de
Estaduais e da Libertadores.
"Por se tratar de
patrocínios para apenas um jogo, o patrocinador busca entrar em jogos com boa
audiência na TV, fato que ocorrerá à medida que os campeonatos forem se
desenvolvendo e os jogos se tornarem mais decisivos", afirma Valdinei
Fujarra, dono da Fujarra Marketing Esportivo, outra agência que está empenhada
em intermediar negociações entre setor privado e times de futebol.
A deficiência, nesse caso, é
que patrocínios ocasionais limitam muito as chances de ativação do negócio,
algo que já é escasso até em parcerias de períodos mais longos. “A partir do
momento que o contrato é assinado, nós escutamos de muitas marcas que elas são
maltratadas pelo clube que estão patrocinando”, revela Julianelli, da XYZ.
“Não sei se existe uma
pesquisa que mostre isso, mas é absurdo haver patrocínios tão curtos, quando no
mundo há parcerias de mais de 20 anos, e isso é culpa da falta de entrega”,
avalia o vice-presidente da companhia. “O patrocinador busca uma ativação 360º
em volta do patrocínio, e nesse ponto há falta de comprometimento dos clubes”.
Fonte: RODRIGO CAPELO (Da
Máquina do Esporte)
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