Potencial de Consumo das
Torcidas Brasileiras – Parte III – A Renda das Principais Torcidas
“Claro que, para o torcedor
em geral, é motivo de orgulho saber que seu time possui o maior número possível
de torcedores e simpatizantes, isso faz parte do orgulho de grupo que ajuda a
definir a própria torcida em si. Todavia, não podemos esquecer que é a partir
da relação com seus torcedores-clientes que os clubes obtêm os recursos que, ao
longo dos anos, permitirão montar rquipes mais ou menos competitivas. Em
resumo, é o gasto de seus torcedores, transformado em receita para o clube, que
permite maior capacidade de competição dentro de campo.
Alguns clubes são melhor
geridos que outros, conseguindo mais resultados com menos recursos, mas é
inegável que existe uma relação direta (e crescente) entre o poder econômico e
a capacidade de competição dos clubes, daí a importância de saber qual a
condição de renda e a predisposição do torcedor em gastar parte desta renda com
produtos e serviços associados direta ou indiretamente ao clube do coração.”
Com essa introdução, a Pluri
Consultoria apresentou esse trabalho, que aqui no OCE está em sua terceira
parte, para facilitar a leitura e apreensão da grande quantidade de
informações. Para a empresa, tão ou mais importante que conhecer o tamanho de
uma torcida, é conhecer o quanto ela tem de renda e quanto está disposta a
gastar com o clube.
“A informação sobre a renda
dos torcedores é crítica na definição de patrocínios e contratos de transmissão,
pois, mais importante do que saber quantas pessoas torcem para cada equipe, é
descobrir quanto elas tem de renda disponível para consumir os produtos e
serviços que lhe serão oferecidos pelos clubes e seus parceiros. Empresas que
patrocinam os clubes podem investir de forma mais qualificada ao segmentar
melhor o seu público, de acordo com a renda e outras características
sócio-econômicas da torcida. E os clubes também podem aumentar seu poder de
barganha tendo uma melhor estimativa do tamanho do bolso de seus torcedores.”
Aqui entra em cena a
pesquisa sobre a torcida, tal como outras já existentes, que dá uma boa ideia
da distribuição geográfica dos torcedores, onde eles moram. Tendo essa
informação, o passo seguinte é cruzá-la com os dados do Censo e pesquisas do
IBGE, como a PNAD, que dão um retrato bastante acurado do perfil do brasileiro.
A partir dos dados do IBGE sabemos que a renda média do brasileiro do Sudeste é
maior que a do brasileiro do Nordeste e o quão maior ela é. Dentro de um mesmo
estado, por exemplo, sabemos que o paulista da Baixada Santista tem uma renda
bem superior à de seu vizinho que mora no Vale do Ribeira, por exemplo. A
partir desses cruzamentos de dados, a Pluri chegou à avaliação da renda total
de cada torcida.
Depois disso, veio uma fase
importante: saber quanto cada torcedor estaria disposto a investir em seu clube
do coração. Isso veremos no próximo post, a Parte IV, pois agora vamos conhecer
a renda de cada torcida. Basicamente, podemos dizer, para chegar aos valores que
veremos a seguir partiu-se da renda média do cidadão de cada região, informada
pelo IBGE, multiplicada pelo número de torcedores levantado pela pesquisa.
A renda mensal e total de
cada torcida
Para muitos torcedores os
números desse trabalho poderão causar espanto e gerar polêmicas, o que é
natural. Para outros, esses números mostrarão e explicarão muitas ocorrências
do mundo da bola, hoje, em especial as que estão ligadas à definição de patrocínios
e seus valores.
Como mostra a tabela, embora
seja menor em termos absolutos, a torcida do Corinthians gera uma renda maior
que a torcida do Flamengo. A explicação para esse fato está na Parte II desse
trabalho, o post anterior, onde vimos que a torcida corintiana é a de maior
presença nos dez estados mais ricos, ou melhor, nos dez estados de maior PIB do
Brasil – sinceramente, é meio bobo e ilusório chamar algum estado brasileiro de
rico. É significativo, também, o fato da grande maioria da torcida corintiana
morar no estado de São Paulo, que apresenta o maior PIB do Brasil e que,
sozinho, é bem maior que o PIB de toda a Argentina, com uma população mais ou
menos próxima no tamanho.
Flamengo e Vasco são os
clubes que apresentam a maior parcela da renda total da renda de suas torcidas
– mais da metade nos dois casos – oriunda de estados diferentes de seu estado
de origem.
A renda total das pessoas
que não torcem por nenhum clube é de 26,7 bilhões de reais, 40% maior que a
renda da torcida corintiana. Esse dado é um bom indicador do tamanho do mercado
– e podemos usar esse termo – à disposição dos clubes brasileiros.
A renda média do torcedor
A tabela anterior mostra
dados muito interessantes e que, em alguns casos, jogam por terra antigos
mitos, como, por exemplo, uma torcida ser mais “pobre” do que outra. Isso, por
sinal, é algo que esse OCE já vem destacando desde 2008, pelo menos.
Os números que a tabela
mostra foram obtidos pela simples divisão da renda total pelo número de
torcedores estimados. Como os demais, é também uma estimativa.
A renda média do torcedor,
considerando as 30 torcidas, é de 708 reais mensais. Esse valor é
superado por 16 das 30 torcidas.
Típico do Brasil e seus
desequilíbrios, ainda: os vinte clubes de maior renda média por torcedor são
das regiões Sul e Sudeste.
Avaí e Figueirense,
concentrados na região de Florianópolis e outras próximas, apresentam as
maiores rendas médias do Brasil, quase 30% maiores que a média Brasil. Mais
abaixo, Ponte Preta, Grêmio e Guarani.
Considerando as três maiores
torcidas do Brasil, é a do Corinthians a que apresenta maior renda média,
seguida pela torcida do São Paulo, com uma diferença de apenas 2,4% a menos, e
depois a torcida do Flamengo, cuja renda média é 14,8% menor que a corintiana.
É interessante notar que o
peso dos torcedores do Flamengo fora do Rio de Janeiro é tão grande, como já
vimos na Parte II, que a renda média de seu torcedor está na linha divisória
entre os clubes do Sul e Sudeste e os clubes do Nordeste e Centro-Oeste,
exatamente na 20ª posição.
As dez últimas posições são
ocupadas por times do Centro-Oeste e Nordeste, cujas torcidas são,
majoritariamente, residentes nos próprios estados, evidenciando claramente os
desequilíbrios brasileiros.
Fonte: Olhar Crônico esportivo - Pluri Consultoria
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