quinta-feira, 22 de março de 2012

Parte III - Potencial de Consumo das Torcidas Brasileiras


Potencial de Consumo das Torcidas Brasileiras – Parte III – A Renda das Principais Torcidas


“Claro que, para o torcedor em geral, é motivo de orgulho saber que seu time possui o maior número possível de torcedores e simpatizantes, isso faz parte do orgulho de grupo que ajuda a definir a própria torcida em si. Todavia, não podemos esquecer que é a partir da relação com seus torcedores-clientes que os clubes obtêm os recursos que, ao longo dos anos, permitirão montar rquipes mais ou menos competitivas. Em resumo, é o gasto de seus torcedores, transformado em receita para o clube, que permite maior capacidade de competição dentro de campo.

Alguns clubes são melhor geridos que outros, conseguindo mais resultados com menos recursos, mas é inegável que existe uma relação direta (e crescente) entre o poder econômico e a capacidade de competição dos clubes, daí a importância de saber qual a condição de renda e a predisposição do torcedor em gastar parte desta renda com produtos e serviços associados direta ou indiretamente ao clube do coração.”

Com essa introdução, a Pluri Consultoria apresentou esse trabalho, que aqui no OCE está em sua terceira parte, para facilitar a leitura e apreensão da grande quantidade de informações. Para a empresa, tão ou mais importante que conhecer o tamanho de uma torcida, é conhecer o quanto ela tem de renda e quanto está disposta a gastar com o clube.

“A informação sobre a renda dos torcedores é crítica na definição de patrocínios e contratos de transmissão, pois, mais importante do que saber quantas pessoas torcem para cada equipe, é descobrir quanto elas tem de renda disponível para consumir os produtos e serviços que lhe serão oferecidos pelos clubes e seus parceiros. Empresas que patrocinam os clubes podem investir de forma mais qualificada ao segmentar melhor o seu público, de acordo com a renda e outras características sócio-econômicas da torcida. E os clubes também podem aumentar seu poder de barganha tendo uma melhor estimativa do tamanho do bolso de seus torcedores.”

Aqui entra em cena a pesquisa sobre a torcida, tal como outras já existentes, que dá uma boa ideia da distribuição geográfica dos torcedores, onde eles moram. Tendo essa informação, o passo seguinte é cruzá-la com os dados do Censo e pesquisas do IBGE, como a PNAD, que dão um retrato bastante acurado do perfil do brasileiro. A partir dos dados do IBGE sabemos que a renda média do brasileiro do Sudeste é maior que a do brasileiro do Nordeste e o quão maior ela é. Dentro de um mesmo estado, por exemplo, sabemos que o paulista da Baixada Santista tem uma renda bem superior à de seu vizinho que mora no Vale do Ribeira, por exemplo. A partir desses cruzamentos de dados, a Pluri chegou à avaliação da renda total de cada torcida.

Depois disso, veio uma fase importante: saber quanto cada torcedor estaria disposto a investir em seu clube do coração. Isso veremos no próximo post, a Parte IV, pois agora vamos conhecer a renda de cada torcida. Basicamente, podemos dizer, para chegar aos valores que veremos a seguir partiu-se da renda média do cidadão de cada região, informada pelo IBGE, multiplicada pelo número de torcedores levantado pela pesquisa.



A renda mensal e total de cada torcida

Para muitos torcedores os números desse trabalho poderão causar espanto e gerar polêmicas, o que é natural. Para outros, esses números mostrarão e explicarão muitas ocorrências do mundo da bola, hoje, em especial as que estão ligadas à definição de patrocínios e seus valores.

Como mostra a tabela, embora seja menor em termos absolutos, a torcida do Corinthians gera uma renda maior que a torcida do Flamengo. A explicação para esse fato está na Parte II desse trabalho, o post anterior, onde vimos que a torcida corintiana é a de maior presença nos dez estados mais ricos, ou melhor, nos dez estados de maior PIB do Brasil – sinceramente, é meio bobo e ilusório chamar algum estado brasileiro de rico. É significativo, também, o fato da grande maioria da torcida corintiana morar no estado de São Paulo, que apresenta o maior PIB do Brasil e que, sozinho, é bem maior que o PIB de toda a Argentina, com uma população mais ou menos próxima no tamanho.

Flamengo e Vasco são os clubes que apresentam a maior parcela da renda total da renda de suas torcidas – mais da metade nos dois casos – oriunda de estados diferentes de seu estado de origem.

A renda total das pessoas que não torcem por nenhum clube é de 26,7 bilhões de reais, 40% maior que a renda da torcida corintiana. Esse dado é um bom indicador do tamanho do mercado – e podemos usar esse termo – à disposição dos clubes brasileiros.




A renda média do torcedor

A tabela anterior mostra dados muito interessantes e que, em alguns casos, jogam por terra antigos mitos, como, por exemplo, uma torcida ser mais “pobre” do que outra. Isso, por sinal, é algo que esse OCE já vem destacando desde 2008, pelo menos.

Os números que a tabela mostra foram obtidos pela simples divisão da renda total pelo número de torcedores estimados. Como os demais, é também uma estimativa.

A renda média do torcedor, considerando as 30 torcidas, é de 708 reais mensais. Esse valor é superado por 16 das 30 torcidas.

Típico do Brasil e seus desequilíbrios, ainda: os vinte clubes de maior renda média por torcedor são das regiões Sul e Sudeste.

Avaí e Figueirense, concentrados na região de Florianópolis e outras próximas, apresentam as maiores rendas médias do Brasil, quase 30% maiores que a média Brasil. Mais abaixo, Ponte Preta, Grêmio e Guarani.

Considerando as três maiores torcidas do Brasil, é a do Corinthians a que apresenta maior renda média, seguida pela torcida do São Paulo, com uma diferença de apenas 2,4% a menos, e depois a torcida do Flamengo, cuja renda média é 14,8% menor que a corintiana.

É interessante notar que o peso dos torcedores do Flamengo fora do Rio de Janeiro é tão grande, como já vimos na Parte II, que a renda média de seu torcedor está na linha divisória entre os clubes do Sul e Sudeste e os clubes do Nordeste e Centro-Oeste, exatamente na 20ª posição.

As dez últimas posições são ocupadas por times do Centro-Oeste e Nordeste, cujas torcidas são, majoritariamente, residentes nos próprios estados, evidenciando claramente os desequilíbrios brasileiros.

Fonte: Olhar Crônico esportivo - Pluri Consultoria

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