Ivan Marques, diretor de marketing do Corinthians, tem 53 anos. Tem o estilo perfil baixo, ao contrário de Luis Paulo Rosenberg, seu antecessor. Não é amigo de frases feitas e jargões, mas avisa que cada vez que o Corinthians se sentir desrespeitado pelos rivais, dará o troco através do marketing.
Como tem sido o trabalho no marketing?
Estamos com projetos a curto, longo e médio prazo.
Curto – Estamos buscando a renovação do contrato de patrocínio, que termina em abril. Nossa prioridade é renovar com a Hypermarcas. Pensamos em arrecadar R$ 52 milhões se for um parceiro único ou R$ 56 milhões se houver mais de um patrocinador.
Médio – Enfrentamos o desafio de criar uma avaliação permanente de todas as fontes de receita do clube. Queremos saber tudo de forma organizada, para termos a estratégia financeira adequada. Não interessa apenas ter caixa, é preciso também cuidar da imagem do clube. É necessário uma sintonia fina nesse aspecto. Como a situação do clube é boa não há mais necessidade de ações emergenciais para conseguir dinheiro. Não há mais o trabalho de matar um leão por dia.
Longo – É a negociação para ter o nome do estádio. O naming right.
Você acredita em uma “espanholização” do futebol brasileiro, com Corinthians e Flamengo assumindo o papel de Barcelona e Real Madrid e deixando os outros para trás?
Não acredito. Apenas o Flamengo tem uma torcida com peso nacional, espalhada pelo país todo. A do Corinthians é muito forte, mas principalmente em São Paulo. Os outros clubes são ainda mais regionais do que o nosso. Então, não há essa diferença toda. Além do mais, há a questão histórica: desde o início o Real e o Barcelona foram os dois únicos grandes. Outros, como Atlético, Sevilla e Málaga tentaram e não conseguiram. No Brasil, há mais grandes times e eles não vão desaparecer. Outro motivo que vejo contra a espanholização é a grande quantidade de jogadores que nascem no Brasil. É um celeiro muito grande de jogadores e eles não serão privilégio de dois clubes apenas.
Mas o que não se pode negar é que, devido a força de suas torcidas, esses clubes consigam um suporte financeiro maior que os outros.
A contratação do Zizao vai mesmo abrir o mercado chinês para o Corinthians?
Não. Vamos explicar bem. Essa foi uma contratação de oportunidade, que aproveitamos. Teve grande repercussão no Brasil, na China e na imprensa mundial. Mas o mercado chinês não será conquistado com apenas um jogador, amistosos ou torneios. É necessário um trabalho meticuloso que estamos dispostos a fazer. Estamos trabalhando para isso. O Zizao é apenas um jogador que, inclusive, está contundido.
Você acredita nesse trabalho de “vaquinha” da torcida para contratar jogadores?
Como homem de marketing, sou obrigado a acreditar em todo trabalho bem feito de mobilização popular. Se vai dar certo ou errado, depende de acertos internos.
Roque Citadini e Marco Aurélio Cunha, diretores de Corinthians e São Paulo sempre fizeram brincadeiras e gozações contra o rival. Mas nunca houve antes uma ação oficial como essa do Corinthians, ironizando São Paulo e Santos com camisetas e ação do site também. Isso não é perigoso?
É perigoso se as pessoas não souberem brincar. Quem faz uma gozação precisa estar preparado para receber o troco. Nós estamos dando o troco. O Santos fez uma camisa utilizando as pedaladas do Robinho em cima do Rogério. Chamava Pedalada Eterna. Depois, em um jogo da Vila, entraram com uma faixa falando em Centernada. Agora, respondemos. Quanto ao São Paulo, eles tiveram uma fase de muitas conquistas na mesma época de poucos conquistas nossas. E os diretores tripudiaram muito. Ironizaram bastante. Agora, é hora da nossa brincadeira. Cabe a eles aceitar ou não. O interessante é que esses dois times que brincaram conosco tem grande desvantagem em confrontos diretos com o Corinthians. E olha que ficamos mais de dez anos sem ganhar do Santos. O nosso rival é o Palmeiras, que não fez nada e contra quem temos desvantagem.
Mas o site do clube não tem uma enquete para definir qual vai ser a gozação com o Palmeiras?
Ah, isso é coisa de torcedor. É brincadeira. Não vai ter nada não.
Fonte: Blog do Menon/ Uol
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