Balanço do Flamengo: a posição do clube

Recebi uma mensagem da Assessoria de Imprensa do Clube de Regatas do Flamengo, com a seguinte posição: “Como você ouviu duas pessoas da oposição e uma empresa de consultoria, achamos justo também enviarmos para você a análise feita pelo nosso contador sobre o balanço do clube.”

Também acho plenamente justo e, o mais importante, penso ser uma excelente postura do clube e uma demonstração de respeito ao torcedor rubronegro. Independentemente das posições deste OCE, o espaço está e estará sempre aberto a colocações divergentes, tal como ocorre, aliás, nos comentários.

Com relação às duas pessoas que ouvi: uma delas tem ligação com outras gestões e, embora não militante oposicionista, não deixa de ter uma identificação com parte da oposição. A outra fonte é um amigo de longa data, que nunca exerceu cargo no clube ou fez parte de alguma chapa, é somente um torcedor apaixonado. Ambos têm conhecimento sobre balanços e sobre gestão, daí as nossas conversas. Ou seja, não procurei representantes oficiais da oposição.

Curiosamente, destaco em meu post que as receitas cresceram bem, até por ser baixa a participação do item “transferência de atletas” na composição das mesmas, tratando-se, portanto, principalmente de receitas operacionais, que são as que realmente contam. Na tabela com a evolução a partir de 2007 havia, de fato, valores errados nos anos de 2007 a 2010, que já foram corrigidos; o erro ocorreu porque somei duas vezes a área social. Esses erros são comuns nessas tabelas, fugindo à revisão, tanto que aparecem até nas correções. 

A reavaliação patrimonial, aproveitando o bom momento do mercado imobiliário carioca, afetou positivamente alguns índices, isso é fato, mas seu impacto sobre a vida real é pequeno, pois, podemos dizer, o aumento do ativo é mais uma operação contábil, ao passo que o aumento do passivo é real. Até porque alguns ativos não são, efetivamente, bens passíveis de serem vendidos e gerar caixa. Vamos, então, à posição do Flamengo.

  

1 – Receitas

A Receita Bruta do Flamengo teve um acréscimo de 54,14% em 2011 comparada com a do exercício de 2009. Obviamente, as Receitas com Bilheteria não acompanharam as dos últimos 3 exercícios, em virtude das obras no Maracanã.

2 – Evolução das Receitas

A tabela que mostra a evolução das receitas contém erros gritantes. Os números corretos são:

2007		2008		2009		2010		2011
89,4		117,9		120,0		123,9		185,0

Acréscimos percentuais em relação a:

2007		2008		2009		2010
106,9%		56,9%		54,14%		49,3%

3 – Transferência de Atletas

As receitas com transferência de atletas não acompanharam os mesmos índices das demais receitas em virtude das práticas utilizadas em gestões anteriores, no que concerne aos Direitos Federativos, constantemente vendidos (fatiados) a empresários. 

Os reflexos da política atual serão notados em exercícios futuros.

4 – Passivo Explosivo

Seu cálculo de 52% de aumento do Passivo Circulante está incorreto. Os valores das rúbricas Receitas a Realizar devem ser excluídos, por não serem obrigações a pagar. O percentual correto em relação a 2010 é de 15%.

Globoesporte.com

Os números divulgados pelo blog “Olhar Crônico Esportivo” que comenta o aumento das dívidas do Flamengo, estão incorretos. No Balanço, várias rubricas que constam do Passivo , tanto Circulante quanto Não Circulante, devem ser excluídas dos cálculos de acréscimo e dos Índices de Liquidez, uma vez que não são Obrigações a Pagar.

Ex.: Receitas a Realizar (Circulante) e Receitas Diferidas (Não Circulante).

Na realidade o aumento do Passivo Circulante foi de 15% (quinze por cento).

O Passivo Não Circulante, aumentou apenas 0,3%. O “pulo” do Passivo, de 172% está incorreto. O acréscimo foi somente de 13,7%. Em compensação o aumento do Ativo foi de 168%.

O Globo

“Dívida do Flamengo Aumenta”

A dívida do Flamengo realmente sofreu acréscimo de R$52.407.163 em relação a 2010. Um aumento de 13,7%.

Numa análise de Balanço, o aumento das dívidas deve ser sempre comparado a evolução do Ativo. Enquanto as dívidas aumentaram em 13,7%, o Ativo (Bens e Direitos) aumentou em 168%. O Índice de Liquidez que em 2009 era de 0,16 subiu para 0,49. As Receitas do clube tiveram um acréscimo de 54,14% em relação a 2009. O Resultado Operacional em 2011 apresenta um lucro de 32,6 milhões. O Resultado do Exercício apresenta um déficit de 12,4 milhões, o menor dos últimos três anos. Ao contrário do comentário sobre o desempenho financeiro na Gestão da Patrícia Amorim, é notória a recuperação econômica e financeira  do clube, haja vista a evolução das receitas, além dos resultados registrados em Balanço.

A situação do Flamengo é a mais equilibrada entre os 4 Grandes Clubes do Rio de Janeiro.

Fonte: Emerson Gonçalves Olhar Crônico Esportivo