Não
há melhor momento para vender camisa de time de futebol do que quando a fase em
campo ajuda. É o caso do Atlético-MG. Classificado para as oitavas de final da
Copa Libertadores com a melhor campanha da primeira fase, com um ídolo como
Ronaldinho Gaúcho em bom momento, esta é a hora para aproveitar o ânimo da
torcida e ganhar nas lojas. Mas o clube mineiro esbarra em uma escolha que fez
no início do ano: assinar com a Lupo.
Apenas
em abril, a fornecedora de materiais esportivos atleticana vendeu 60 mil
camisas, de acordo com Valquírio Cabral Júnior, até duas semanas atrás diretor
comercial da Lupo. Mas ainda não entregou tudo. “Entregamos cerca de 50% dos
pedidos”, conta o executivo ao NEGÓCIOS FC.
Desde
janeiro, quando assinou o contrato com o Atlético-MG, a Lupo enfrenta problemas
para fabricar e distribuir os produtos do clube. No primeiro mês, foram
produzidas peças com urgência para vestir os jogadores. Nos treinos, os atletas
tiveram de continuar usando uniformes da Topper.
Quanto
às camisas que seriam levadas às lojas, o prazo inicial era março. Não foi
cumprido.
A
justificativa foi um impasse do presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, em
trocar o patrocinador máster – a possível saída do BMG para a entrada da
Caixa Econômica Federal iria desperdiçar todas as camisas que já tivessem a
marca do banco mineiro, então a Lupo atrasou a produção. “O próprio presidente
falou que a culpa foi dele”, defende Cabral Júnior.
A
distribuição começou a ser acertada em 15 de abril, quando a Loja do Galo, principal
comércio do clube em Belo Horizonte, foi reinaugurada pela Lupo.
“Foi
um sucesso absoluto. Foram mil camisas vendidas só nesta loja”, conta o
ex-diretor, que esteve na reabertura da unidade. Quem mais vende camisas –
nenhuma surpresa – é Ronaldinho: cerca de 60% de todas as peças vendidas
têm o nome dele nas costas. “O que chega nas lojas, acaba”, diz Cabral Júnior.
Lojas
do clube e multimarcas, como a Centauro, têm recebido os materiais do
Atlético-MG desde o meio de abril, mas as entregas seguem atrasadas.
“Eles
têm um negócio que não está preparado para o tamanho do Atlético-MG. O nível de
horizontalização é grande. Há muito imediatismo. O futebol é uma operação
cercada de urgências”, avalia um executivo do mercado de materiais esportivos
que prefere não ser identificado.
A
Lupo negocia com a Filon para tentar solucionar os problemas na produção e na
distribuição dos produtos. Uma estratégia já adotada por marcas como Topper e
Puma para garantir o fornecimento para Grêmio e Botafogo. A Lupo faz os modelos
e coloca a marca, a Filon cuida das fábricas.
Mas,
até agora, a Lupo está por conta própria. E com a saída de Valquírio da
diretoria comercial, a pessoa que costurava o acordo, uma parceria, como com a
Filon, deve demorar mais para sair.
Procurada
para comentar oficialmente o caso, a Lupo informou que “está cumprindo o acordo
com o Atlético-MG em relação à venda”.
Cabral
Júnior ainda visita a Lupo para resolver pendências, mas, agora, irá se dedicar
à vida de empresário. Dono de franquias da própria Lupo, Valquírio deixa a
companhia após mais de 30 anos. “Meu último grande contrato, minha última
grande tarefa de marketing, foi este do Atlético-MG. Agora vou ficar com as
franquias e abrir uma consultoria”, conta.
E
Alexandre Kalil terá de esperar mais para poder ganhar tudo o que pode com as
vendas de camisas nas lojas. Em janeiro, o presidente atleticano disse à rádio
Esportes FM, quando a torcida criticou a escolha pela Lupo, que “quem compra
marca é perua”. “Aqui nós queremos dinheiro”.
Quatro
meses depois, a lentidão na entrega dos materiais é o preço a ser pago.
Fonte: POR RODRIGO CAPELO
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