terça-feira, 30 de abril de 2013

Lupo vende 60 mil camisas do Atlético-MG em abril, mas só entrega metade


Não há melhor momento para vender camisa de time de futebol do que quando a fase em campo ajuda. É o caso do Atlético-MG. Classificado para as oitavas de final da Copa Libertadores com a melhor campanha da primeira fase, com um ídolo como Ronaldinho Gaúcho em bom momento, esta é a hora para aproveitar o ânimo da torcida e ganhar nas lojas. Mas o clube mineiro esbarra em uma escolha que fez no início do ano: assinar com a Lupo.

Apenas em abril, a fornecedora de materiais esportivos atleticana vendeu 60 mil camisas, de acordo com Valquírio Cabral Júnior, até duas semanas atrás diretor comercial da Lupo. Mas ainda não entregou tudo. “Entregamos cerca de 50% dos pedidos”, conta o executivo ao NEGÓCIOS FC.

Desde janeiro, quando assinou o contrato com o Atlético-MG, a Lupo enfrenta problemas para fabricar e distribuir os produtos do clube. No primeiro mês, foram produzidas peças com urgência para vestir os jogadores. Nos treinos, os atletas tiveram de continuar usando uniformes da Topper.

Quanto às camisas que seriam levadas às lojas, o prazo inicial era março. Não foi cumprido.
A justificativa foi um impasse do presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, em trocar o patrocinador máster – a possível saída do BMG para a entrada da Caixa Econômica Federal iria desperdiçar todas as camisas que já tivessem a marca do banco mineiro, então a Lupo atrasou a produção. “O próprio presidente falou que a culpa foi dele”, defende Cabral Júnior.
A distribuição começou a ser acertada em 15 de abril, quando a Loja do Galo, principal comércio do clube em Belo Horizonte, foi reinaugurada pela Lupo.

“Foi um sucesso absoluto. Foram mil camisas vendidas só nesta loja”, conta o ex-diretor, que esteve na reabertura da unidade. Quem mais vende camisas – nenhuma surpresa – é Ronaldinho: cerca de 60% de todas as peças vendidas têm o nome dele nas costas. “O que chega nas lojas, acaba”, diz Cabral Júnior.

Lojas do clube e multimarcas, como a Centauro, têm recebido os materiais do Atlético-MG desde o meio de abril, mas as entregas seguem atrasadas.

“Eles têm um negócio que não está preparado para o tamanho do Atlético-MG. O nível de horizontalização é grande. Há muito imediatismo. O futebol é uma operação cercada de urgências”, avalia um executivo do mercado de materiais esportivos que prefere não ser identificado.

A Lupo negocia com a Filon para tentar solucionar os problemas na produção e na distribuição dos produtos. Uma estratégia já adotada por marcas como Topper e Puma para garantir o fornecimento para Grêmio e Botafogo. A Lupo faz os modelos e coloca a marca, a Filon cuida das fábricas.

Mas, até agora, a Lupo está por conta própria. E com a saída de Valquírio da diretoria comercial, a pessoa que costurava o acordo, uma parceria, como com a Filon, deve demorar mais para sair.

Procurada para comentar oficialmente o caso, a Lupo informou que “está cumprindo o acordo com o Atlético-MG em relação à venda”.

Cabral Júnior ainda visita a Lupo para resolver pendências, mas, agora, irá se dedicar à vida de empresário. Dono de franquias da própria Lupo, Valquírio deixa a companhia após mais de 30 anos. “Meu último grande contrato, minha última grande tarefa de marketing, foi este do Atlético-MG. Agora vou ficar com as franquias e abrir uma consultoria”, conta.

E Alexandre Kalil terá de esperar mais para poder ganhar tudo o que pode com as vendas de camisas nas lojas. Em janeiro, o presidente atleticano disse à rádio Esportes FM, quando a torcida criticou a escolha pela Lupo, que “quem compra marca é perua”. “Aqui nós queremos dinheiro”.

Quatro meses depois, a lentidão na entrega dos materiais é o preço a ser pago.

Fonte: POR RODRIGO CAPELO

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