terça-feira, 30 de abril de 2013

Quanto o Flamengo perde com lojas “piratas”


Faz muitos anos que o Flamengo deixa de ganhar uma verba considerável por não ganhar um centavo de lojas que se dizem oficiais. Nação Rubro-Negra, Flaboutique, 100% Rubro-Negro, Ninho da Nação, Flanático… São dezenas de comércios em todo o Brasil que lucram com a venda de produtos licenciados, inclusive uniformes, mas não pagam royalties ou taxas ao clube.

Um dos modos mais razoáveis para contar quanto o Flamengo perde todos os anos, em dinheiro, por não ter uma rede de lojas, é a comparação com o Corinthians. “O Corinthians é um parâmetro, mas o Flamengo tem de ser maior. Eles estão mais avançados, mas o Flamengo é muito mais bem distribuído no país e tem um potencial maior”, afirma Fred Luz, diretor de marketing flamenguista.

O Corinthians recebe, por ano, cerca de R$ 7 milhões, segundo apurou o NEGÓCIOS FC. A verba corresponde aos royalties pagos pelos mais de 100 lojistas da rede de franquias operada pela SPR.

Agora, o Flamengo dá o primeiro passo para lucrar com as lojas. Fred, por muitos anos executivo de varejistas como Lojas Americanas, Casas Sendas e Mesbla, montou um contrato para tentar regularizar todas as lojas que, por enquanto, dizem ser oficiais sem pagar nada ao clube.

“O mercado do Flamengo é violentamente poluído por produtos piratas”, diz Fred.

A ideia é que os lojistas assinem este contrato, paguem uma quantia inicial e passem a repassar um valor fixo mensal para os cofres do clube. Em troca, eles ganham privilégios no fornecimento de produtos licenciados, uma certa proteção, e passam a poder dizer que são lojas genuinamente oficiais. O Espaço Rubro-Negro foi a primeira loja a aderir a este novo modelo. “Aqueles que não desejarem ser parceiros vão ficar, de uma forma muito clara, caracterizados como piratas”, explica.

Nada impede que, daqui a algum tempo, o Flamengo se aproxime do modelo usado por outros times de futebol – em geral, os clubes cedem a operação da rede de franquias para uma empresa, como Meltex e SPR, as duas que atendem as principais equipes brasileiras, e recebem royalties e taxas pela cessão da marca. “No futuro, teremos uma marca, um modelo de loja padrão, mas vamos dar este primeiro passo e um tempo para que as lojas façam a migração”, completa o diretor.
E a Adidas?

Apesar dos esforços do Flamengo para regularizar todas as lojas “piratas”, quem tem poder de decisão sobre este assunto é a Adidas, a fornecedora que assume o lugar da Olympikus em maio.

A fabricante alemã é, por contrato, dona de todos os direitos de confecção de produtos do  clube. Ou seja, ninguém mais pode fabricar uma camiseta sem a autorização da Adidas.

O modo mais eficaz para forçar que lojas “piratas” assinem o contrato proposto por Fred Luz e se tornem oficiais é estrangular a distribuição. Se esses comércios param de receber os uniformes do Flamengo fornecidos pela Adidas, por exemplo, os lojistas seriam praticamente obrigados, por razões financeiras, a aderir ao projeto e repassar parte dos lucros ao clube.
Mas o Flamengo não quer um rompimento tão drástico.

“Não vamos partir para um modelo de ruptura. Esta é nossa filosofia. Temos um modelo de inclusão das empresas e das pessoas que há muito tempo vendem produtos do Flamengo”, conta Fred. Uma ação conjunta com a Adidas para cortar os canais de distribuição às lojas “piratas” tampouco agrada ao diretor. “Não tenho este tipo de acordo com a Adidas e nem vou entrar nessa conversa”.

Procurada pelo NEGÓCIOS FC, a Adidas preferiu não se posicionar a respeito.


Fonte: POR RODRIGO CAPELO

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