A renúncia do presidente da CBF não
resolve, por si só, os problemas do nosso fut. Mas o fim da era Teixeira é um
alento. Uma extraordinária oportunidade de transformações.
O desenvolvimento do futebol
brasileiro, verdadeiro patrimônio cultural deste país, há anos vem sendo
sufocado por uma gestão marcada pelo autoritarismo, pela mistura nebulosa do
interesse privado com o bem comum, pela falta de transparência na aplicação de
receitas milionárias e pela priorização absoluta da Seleção, em detrimento do
fortalecimento dos clubes, dos campeonatos, da formação de base. O resultado
tem sido desastroso.
Não basta, contudo, uma troca de nomes.
É preciso mudar a mentalidade. Neste momento, não pode haver espaço para o
continuísmo, para amanutenção das velhas práticas. A CBF precisa respirar novos
ares. Reinventar-se. Neste sentido, uma mudança de estatuto rápida e abrangente
é fundamental. Uma nova ordem que se alinhe com os reais interesses da
sociedade. Que não seja formatada para servir à vontade de poucos. A hora é de
se constituir uma ampla agenda de discussão, capaz de nos levar a um salto de
profissionalização, de moralidade, de modernidade das instituições do nosso
fut.
- Convocação de eleições transparentes,
formação de um colégio eleitoral realmente representativo, muito além dos
presidentes de federações e da Série A, com maior participação dos clubes das
séries nacionais e também de representa ção de árbitros e de jogadores;
- Limitação das reeleições dos
dirigentes em todos os níveis;
- Transparência na gestão do recursos
da CBF com limitação dos gastos correntesemno máximo 50% de suas receitas. O
restante deve capitalizar um fundo para o desenvolvimento do futebol, com a
criação de centros de formação de base e melhoria na estrutura dos clubes;
- Fomento da formação de uma liga
independente de clubes para organizar e administrar o Campeonato Brasileiro;
- Adequação do nosso calendário ao
modelo internacional, reformulação dos campeonatos estaduais, valorização da
Copa do Brasil, das divisões de acesso do Brasileirão, do futebol feminino e
dos torneios de base;
- Respeito irrestrito ao Estatuto do Torcedor,
melhoria nas condições de segurança e conforto das arenas de forma a atrair de
novo a presença de famílias.
Muito dessa pauta são bandeiras
erguidas por este LANCE! Nos últimos 14 anos. Houve avanços reconhecidos em
editoriais de capa como este. Notadamente o fim das viradas de mesa, a adoção e
consolidação da fórmula de pontos corridos. Importante, mas ainda pouco frente
aos desafios que se colocam.
Mudanças na CBF com certeza terão um
efeito cascata, vão levar à transformação das federações, dos clubes, de toda a
cadeia do futebol. E o futebol reflete se e é reflexo da sociedade brasileira.
Moralizá-lo, profissionalizá-lo, geri-lo à luz do interesse público servirá de
exemplo a outros segmentos da vida nacional. Aos políticos, aos mandatários de
cargos públicos.
Uma nova CBF será, assim, uma
contribuição inestimável para mudar o Brasil. Para construir o país que
queremos deixar para nossos filhos.
Fonte: LANCENET!
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