quinta-feira, 31 de maio de 2012

Adidas e Fla podem ser a nova ordem do futebol


O acordo entre Adidas e Flamengo para o fornecimento de material esportivo do clube carioca por dez anos a partir de 2015 pode representar uma nova ordem no mercado do futebol no Brasil . Não interessa aqui o valor do contrato (um recorde de R$ 35 milhões anuais, entre fornecimento de material esportivo, premiação e um valor fixo por mês), mas sim o conceito por trás da proposta.

Flamengo campeão da Libertadores, vestindo Adidas
A Adidas não quer romper o acordo atual do Fla com a Olympikus (por conta da multa rescisória alta e pela relação que existe entre a empresa e a Vulcabras/Azaleia). Sendo assim, já colocou as cartas na mesa um ano e meio antes do término do acordo. Isso, por si só, já é um avanço. Se, em setembro, a Olympikus disser que está fora a partir de 2015, a Adidas começa, desde já, a preparar material esportivo e toda a complexa operação que envolve patrocinar um clube de futebol.

Isso é um tremendo avanço para a relação até então existente. O clube, quase sempre, terminava o ano ainda em negociação com uma nova marca ou, então, esperando para anunciar o acordo com um novo fabricante, para não prejudicar as vendas daquela camisa vigente. Isso quando não havia o rompimento traumático de contrato ou de relacionamento, como foi exatamente o fim do acordo Nike-Flamengo em 2008/2009 para a entrada da Olympikus.

Da mesma forma, o tempo de duração do contrato previsto pela Adidas mostra um amadurecimento do mercado brasileiro. Antes, raramente uma empresa apostava num acordo com mais de três anos com um clube. Agora, com um prazo mais longo, abre-se a possibilidade de criar mais ações de relacionamento entre o fabricante e o clube, o que aumenta a possibilidade de os dois lados faturarem mais com a relação. O papo de que isso engessa o clube, porém, é descabido. Nada impede que seja feito um aditivo no contrato alterando o valor a ser pago, como acontece, por exemplo, no contrato dos próprios times de futebol com seus atletas.

É irônico, porém, perceber que o futebol pouco esforço faz para que essa evolução parta do próprio esporte. É muito mais a situação de aumento dos investimentos das empresas no esporte que leva a essa profissionalização do que o contrário. Afinal, se estivéssemos em qualquer outro segmento da economia, raramente uma empresa com tanta briga entre seus sócios e polêmicas divulgadas na imprensa conseguiria aumentar sensivelmente seu valor.

O esporte, realmente, é capaz de alguns milagres. E, quem sabe, o Flamengo consegue puxar a fila para um novo tipo de relacionamento no futebol, que é o carro-chefe das ações no esporte no Brasil. Até setembro devemos saber a resposta.

 Fonte: Por Erich Beting

Adidas quer Flamengo, mas só a partir de 2015


A Adidas apresentou na última semana uma proposta de R$ 350 milhões por dez anos de contrato com o Flamengo. O projeto para assumir o fornecimento de materiais esportivos do clube, existente desde o ano passado e revelado pela Máquina do Esporte em novembro de 2011, porém, sofreu algumas alterações.

Alemães aceitaram esperar fim do contrato com Olympikus, até 2014 
O projeto inicial da empresa alemã era pagar a multa rescisória que o clube tem em contrato com a Olympikus, atual responsável pela função, e passar a ser o fornecedor a partir daquela data. Agora, porém, após conversas com a própria fabricante brasileira, a ideia é que o contrato passe a valer a partir de 1º de janeiro de 2015.

Na última segunda-feira, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, se reuniu com Pedro Grandene, presidente da Vulcabras/Azaleia, dona da marca Olympikus. Na reunião, além de debater sobre alguns termos referentes ao atual contrato, a dirigente entregou a Grandene a proposta da Adidas.

Agora,a Vulcabras tem até o início de setembro para responder sobre a proposta da Adidas. O contrato é de R$ 35 milhões ao ano entre fornecimento de material esportivo, premiações e um montante fixo por mês. Segundo apurou a Máquina do Esporte, o Flamengo deve receber cerca de R$ 23 milhões fixos anualmente, sendo os demais R$ 12 milhões divididos entre material (R$ 8 mi) e premiações (R$ 4 mi).

“Esse talvez seja o primeiro caso no Brasil em que o gerenciamento de um contrato de fornecimento de material esportivo é feito de forma profissional tanto pelo clube quanto pela empresa que demonstra interesse em patrocinar”, disse à Máquina do Esporte Tullio Formicola Filho, diretor de marketing da Vulcabras/Azaleia e responsável pela gestão do acordo da Olympikus com o Flamengo.

O executivo celebra o fato de que a Adidas preferiu respeitar o atual contrato em vigência com a Vulcabras em vez de optar pelo pagamento da multa rescisória.

“Essa é uma prática comum na Europa e nos Estados Unidos. Um ano antes o clube ou a liga avisam que vão trocar o fornecedor do material esportivo. Por aqui, essa é a primeira vez que vejo alguma coisa nesse gênero”, completou Formicola.

Curiosamente, a própria entrada da Olympikus do Flamengo foi feita sem ser respeitado o contrato com o antigo parceiro. Inicialmente, a fabricante brasileira tentou romper o acordo que havia entre o clube e a Nike. A discussão foi parar na Justiça, e a fabricante americana conseguiu manter o acordo até seu término, em julho de 2009. Desde então, a Vulcabras passou a fornecer o material esportivo, após uma concorrência realizada pelo Flamengo.

A oferta da Adidas permanece a mesma desde novembro de 2011, quando a Máquina do Esporte antecipou que a fabricante alemã pretendia pagar R$ 350 milhões por um período de dez anos para a equipe rubro-negra (leia mais ao final da reportagem). À época, o negócio estava sendo costurado sem o conhecimento da Olympikus, tanto que, após reunião entre Formicola e Patrícia Amorim, o clube divulgou nota negando que havia tido conversas com a fabricante alemã.

Diferentemente do que publicou a Máquina do Esporte em novembro passado, porém, o responsável por intermediar as conversas com a Adidas não é a Traffic, e sim Carlos Peixoto, ex-diretor de futebol flamenguista, e Harrison Baptista, ex-diretor de marketing do clube e que à época era funcionário da Traffic. A dupla tem feito o meio-campo entre o Flamengo e a matriz da Adidas na Alemanha. Tudo tem sido costurado por meio da filial da fabricante na América Latina, cuja sede fica no Panamá.

As tratativas com a fabricante estrangeira já acontecem desde o fim do ano passado, mas tinham emperrado nas relações existentes entre a Vulcabras e o Flamengo e até com a Adidas. Além da multa rescisória prevista no contrato, de cerca de R$ 30 milhões, pesou o fato de as duas empresas de material esportivo serem sócias no país. As duas empresas possuem uma joint venture que é responsável pela gestão da marca Reebok no país.

Fonte: ERICH BETING e RODRIGO CAPELO - Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

Proposta da Adidas ao Fla causa polêmica no Palmeiras


A proposta de contrato que a Adidas entregou ao Flamengo já causou reações no mercado. Nesta quarta-feira, no serviço de microblogs Twitter, o diretor jurídico do Palmeiras, Piraci Oliveira, usou a notícia para criticar a antiga gestão do clube. O protesto foi respondido por um comunicado assinado pelo ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

No Twitter, Piraci Oliveira disse que a proposta da Adidas torna o contrato da marca com o Palmeiras “muito ruim e desequilibrado”. O atual vínculo do clube alviverde com a confecção alemã vai até 2014.

Ao jornal “Folha de S.Paulo”, Piraci Oliveira disse que a defasagem um dos “contratos desastrosos que herdamos”, em alusão a gestões anteriores do Palmeiras.

Belluzzo respondeu em comunicado oficial. Disse que o contrato entre Adidas e Palmeiras, assinado em dezembro de 2010, era o segundo maior de fornecimento de material esportivo no Brasil – na época, de acordo com ele, perdia apenas para a relação entre Olympikus e Flamengo.

“Seguem os valores do contrato: R$ 17 milhões em 2011, R$ 17 milhões em 2012, R$ 17 milhões em 2013, e R$ 19 milhões em 2014. É importante ressaltar que o contrato anterior vencia em dezembro de 2011. O que fizemos foi atualizar os valores. É isso que uma gestão deve fazer”, diz o texto de Belluzzo.

A Adidas fez oferta de R$ 350 milhões por um contrato de dez anos com o Flamengo. Na última segunda-feira, a presidente do clube, Patrícia Amorim, entregou à Olympikus um documento com a proposta.

A Olympikus tem até o início de setembro para dizer se cobrirá a oferta. Se a decisão for negativa, a ideia da Adidas é esperar o término do atual contrato do Flamengo, em dezembro de 2014, e iniciar uma parceria com o clube em janeiro do ano seguinte.

Fonte: REDAÇÃO - Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP


Globo Marcas será parceira de licenciamento da Copa



A Fifa anunciou nesta quarta-feira que a Globo Marcas foi escolhida para cuidar de todo o plano de licenciamento da Copa do Mundo de 2014. O acordo abrange todo o território do Brasil, sede do evento.

A Globo Marcas cuidará de licenciamento de empresas nas principais categorias de produtos, mas também negociará diretamente com varejistas, administrará lojas oficiais e fará a operação de comércio eletrônico. Detalhes financeiros do acordo com a Fifa são mantidos em sigilo.

Nos próximos meses, segundo nota oficial da entidade, parcerias similares devem ser anunciadas para as outras regiões do planeta. “Vemos o programa de licenciamento como uma importante ferramenta para entusiasmar ainda mais os torcedores em nível global por meio demerchandising, souvenirs e outros produtos de qualidade com as marcas do evento”, disse Ralph Straus, diretor do departamento de estratégia e gerenciamento de marcas da Fifa.

O anúncio do acordo com a Globo Marcas foi parte da cerimônia em que a Fifa anunciou a tabela da Copa das Confederações de 2013, que também será realizada no Brasil.

“Trata-se de um evento único na história do país. Com a nossa experiência e o nosso conhecimento do mercado local, além da integração entre Fifa e TV Globo, temos certeza de que poderemos atingir muitos objetivos conjuntos”, projetou José Luiz Bartolo, diretor de licenciamento da Globo Marcas.

A Fifa também aproveitou o evento para apresentar oficialmente o slogan da Copa do Mundo de 2014. A frase que balizará a comunicação do evento será “All in one rhythm” (a tradução oficial é “Juntos num só ritmo”).

Fonte: REDAÇÃO - Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Olympikus tenta cobrir oferta milionária da Adidas


Depois de ter mantido o silêncio após saber da proposta milionária da Adidas ao Flamengo, a Olympikus, atual fornecedora de material esportivo do clube carioca disse que vai analisar os valores da nova oferta e estudará uma maneira de cobrir a proposta da empresa alemã.

Por intermédio do diretor de marketing do grupo Vulcabrás/Azaléia/Olympikus, Túlio Formicola, a empresa Brasileira garantiu que não pretende deixar o time rubro-negro antes do fim do contrato, que tem vigor até meados de 2014. Porém existe uma clausula no contrato, no qual o vinculo pode ser quebrado em julho de 2013, através do pagamento de aproximadamente R$ 27 milhões.

Túlio Formicola, ressaltou que a Olympikus não ficou chateada com o Flamengo, tão pouco com Adidas pela proposta realizada. Expôs a forma ética na qual a proposta foi feita, caso pouco comum no mercado, segundo o dirigente. O diretor ainda disse que a empresa irá utilizar todo prazo para resposta ao Flamengo e reconheceu, parabenizando a Adidas  ótima proposta feita ao clube carioca. Fonte: LNET!

MERCADO EM EBULIÇÃO APÓS OFERTA DA ADIDAS

De fato o mercado ficou estarrecido com a proposta feita pela Adidas ao Flamengo. Julgo que ficará ainda mais, caso a Olympikus resolva abrir os cofres e investir pesado no rubro-negro, cobrindo a proposta da empresa alemã. No Brasil, não existe empresa que tenha o poder de distribuição, que a Olympikus tem, este é um fator preponderante a ser considerado em uma possível renovação.

Dirigentes Palmeirenses e tricolores cariocas, já estão afoitos com a possibilidade de renegociação de seus respectivos contratos, tendo como base o contrato oferecido ao Flamengo. Porém cada um dentro da sua própria realidade, respeitando as regras do mercado.

Com a proximidade dos mega eventos no Brasil, Adidas tem o Flamengo como peça fundamental para fazer frente à Nike, sua maior concorrente e já muito bem representada no Brasil.

É esperar pra ver! Briga de gigantes! E o Flamengo tem que saber aproveitar a situação, valorizando assim sua marca cada vez mais!

Por: Jefferson Gomes – Locomotiva do Esporte

Conselho do Fla aprova patrocínio para o ombro


Com o alarde provocado pela proposta milionária da  Adidas ao Flamengo no últimos dias, a oferta feita ao Flamengo para estampar a marca Triunfo no ombro da camisa rubro-negra passou despercebida pela maioria dos rubro-negros.

A Triunfo Logística pagará cerca de R$ 3 milhões para estampar a sua marca na camisa do Rubro-Negro até o fim do ano

O Conselho Deliberativo do Flamengo se reuniu na noite da última terça, na Gávea, no intuito de votar a proposta de patrocínio da Triunfo Logística para o ombro da camisa. E pela maioria dos votos, o Conselho aprovou o contrato, que tem validade até o fim deste ano.

A marca da Triunfo Logística passará a estampar o ombro da camisa do time profissional de futebol, bem como do time de futebol de areia e do time de futsal. Na proposta apresentada pela empresa, o Flamengo receberá o valor total em dinheiro de R$ 3.006.000, pagos em seis cotas de R$ 501.000.

Fonte: Locomotiva do Esporte 

Adidas: Nem Tudo Que Reluz é Ouro



Na madrugada de hoje recebi por email esse estudo destrinchando a proposta“milionária” da Adidas. Apesar do autor preferir se manter incógnito vale a pena dar uma lida com atenção para entender direito esse B.O..

Caros Sócios e Torcedores Rubro-Negros.

Recentemente, o blog do Jornalista Renato Maurício Prado publicou, em primeira mão (muito embora a mesma proposta tenha sido objeto de notícias na imprensa à cerca de três meses atrás), que o Flamengo levou ao conhecimento de sua parceira, fornecedora de material esportivo Olympikus, uma proposta “milionária” de R$ 350 milhões por dez anos de contrato, feita pela empresa alemã Adidas.

Nesse contexto, a presente análise tem por objetivo levar o leitor ao entendimento técnico e objetivo da referida proposta, bem como, da sua comparação com o atual contrato em vigor com a Olympikus, permitindo assim que se faça um juízo de valor à luz dos fatos.

Para tal, será preciso inicialmente, que o leitor entenda a mecânica de funcionamento de um contrato do gênero, que difere em muito da simplicidade do contrato padrão de patrocínio. Em seguida, será possível comparar as duas alternativas (Adidas x Olympikus) com base nos valores reais de cada uma, fugindo-se à armadilha de comparar “banana com abacaxi”. 

Finalmente, a presente análise oferecerá uma conclusão técnica e objetiva à luz dos números.

1 – A NATUREZA DE UM CONTRATO DE FORNECIMENTO DE MATERIAL

Qualquer contrato de fornecimento de material a uma equipe profissional de futebol (seja ela o Flamengo, o Corinthians, o Santos, o Barcelona, o Manchester United, ou qualquer outro clube) é composto de três partes, como se fossem três contratos em um: – fornecimento de material às equipes desportivas do clube;

- Licenciamento, que permite à empresa fornecedora vender produtos (as réplicas dos uniformes e outros produtos normalmente têxteis) com a marca do clube no mercado; – - patrocínio, que remunera a utilização da marca do fornecedor no uniforme do clube e a visibilidade conseqüentemente proporcionada a essa marca.

Anatomia de um Contrato de Fornecimento de Material no Futebol



Historicamente, no início, quando do surgimento dos primeiros contratos do gênero (no começo da década de 70), os clubes recebiam apenas o fornecimento de material, já que não era comum a venda da camisa oficial no comércio e, nem ao menos, a marca do fornecedor aparecia no uniforme, não se entendia essa relação como uma entre patrocinador e patrocinado.

Com o passar do tempo, a partir da década de 80, os clubes passaram a reivindicar também, remuneração pela exposição da marca do fornecedor no uniforme, bem como, pelo direito, exclusivo, dado ao fornecedor de se dizer fornecedor oficial daquela equipe.

Finalmente, na década de 90, os clubes passaram a receber além da cota de material, um valor (fixo e posteriormente variável na forma de royalties) como remuneração pela venda de produtos (na época, restrito à réplica da camisa oficial) no varejo.

Na medida em que o tempo passou, cada vez mais o componente de licenciamento tornou-se fator essencial em um contrato do gênero. Com o fim da inflação, o crescimento econômico, além do boom econômico causado pelo surgimento de 40 milhões de novos consumidores na economia brasileira, recém saídos da pobreza, criou-se um novo mercado para consumo de bens duráveis e não duráveis. Esse novo consumidor consome avidamente produtos de vestuário, destaque aí para a camisa (ou camisas) do seu clube de coração. Estava criado um terreno fértil para a explosão de consumo dos produtos licenciados dos clubes, especialmente as réplicas de seus uniformes.

A Evolução dos Contratos de Material Brasileiro


Nesse contexto o Flamengo chegou à expressiva marca de 1,2 milhões de camisas vendidas apenas no primeiro semestre da parceria com a Olympikus, uma quantidade verdadeiramente espetacular, especialmente quando se observa que os maiores clubes europeus vendem entre 1,2 milhões e 1,5 milhões de peças ano.

Assim, é provável que em 2010, o Flamengo tenha sido o recordista mundial de venda de camisas, embora não se possa determinar com certeza.

Os Maiores Vendedores de Camisas do Futebol Mundial (Europeu)


Em quantidade Média de Camisas Vendidas Ano

2 – COMPARANDO OS CONTRATOS (PROPOSTA ADIDAS X CONTRATO OLYMPIKUS)

Uma vez contextualizado o ambiente onde se insere um contrato de fornecimento de material, o leitor poderá entender melhor quais aspectos são relevantes na hora de analisar alternativas.

O passo seguinte é resumir e adaptar os valores e outros benefícios gerados por ambos os contratos, de modo a que sejam comparáveis. Assim evitaremos comparar “banana e abacaxi”. Para tal é necessário que se calcule o valor de ambas as alternativas, na mesma data e mesma moeda.

Além disso, é importante analisar benefícios intangíveis, especialmente aqueles ligados à distribuição, fator chave para o sucesso de um contrato do gênero sob a ótica econômica.
Inicialmente, destacamos os valores reais do contrato do Flamengo com a Olympikus, retirados da minuta de contrato aprovada pelos Conselhos do Clube, quando de sua assinatura. Trata-se, portanto, de fato e não especulação. Vamos a eles.

Olympikus, valores anuais em 2009:

a) Patrocínio – R$ 5 milhões;
b) Material Fornecido ao Clube – 106 mil peças de vestuário x preço médio de atacado (R$ 66,00) = R$ 7 milhões;
c) Licenciamento – Garantia mínima em royalties ano – R$ 8 milhões (o equivalente à venda de 1,1 milhões de peças)
d) Verba de Marketing para o Clube – R$ 1 milhão.
e) Total Geral = R$ 21 milhões de reais.

Aqui, duas considerações importantes. Com relação ao item C, a garantia mínima significa que, na hipótese do clube vender mais de 1,1 milhões de peças ano (o que ocorreu já no primeiro semestre de contrato), haveria remuneração adicional. Calcula-se que o clube tenha recebido, adicionalmente, ao final do primeiro ano de contrato (2010), por essa razão, cerca de R$ 4,5 milhões.

Uma questão muito importante é que o contrato possui cláusula de correção monetária anual. Em uma conta simples, com um IGPM acumulado ao longo dos primeiros três anos de contrato, de cerca de 19%, o contrato atual do Flamengo com a Olympikus, já seria em 2012, corrigido, de (R$ 21 milhões x 1,19) = R$ 25,1 milhões ano.

Se considerarmos que faltam dois anos para o fim do contrato, bem como, que a proposta da Adidas vale apenas para 2014, considerando-se uma inflação média de 4% ao ano, 2013 e 2014, podemos estimar que ao final do contrato (2014) a Olympikus estará pagando ao Flamengo R$ 27,1 milhões/ano ao Flamengo.

É a esse valor que a proposta da Adidas deve ser comparada.

Considerando-se que os dados da referida proposta sejam verdadeiros (R$ 35 milhões/ano, por 10 anos), podemos estimar que a proposta esteja dividida em:

a) Material fornecido – As mesmas 106 mil peças ano, porém ao preço médio praticado pela Adidas (R$ 100), como ocorreu recentemente, quando da renovação da empresa alemã com o Fluminense FC. Ou seja – 106 mil X R$ 100 = 10,6 milhões em material.
b) O restante, distribuído entre garantia mínima de royalties e patrocínio, totalizando – R$ 24, 4 milhões.

Comparativo dos Valores Fixos – Adidas x Olympikus
Valores R$ milhões/ano, em 2014.
ParceiroMaterialDinheiro FixoTotal
Adidas10,624,435,0
Olympikus918,127,1


Portanto, a diferença de fato, entre o atual contrato com a Olympikus e a proposta da Adidas é de R$ 7,9 milhões/ano, a favor da empresa alemã, algo em torno de 29%.

Entretanto, ainda existe um fator importante a ser considerado. Uma vez que parte do valor pago é variável e que não consta no quadro anterior, é fundamental, mesmo que não seja possível determiná-lo com certeza, avaliar o potencial de cada uma das propostas para a geração de receitas variáveis. Lembrando novamente que, como já citado, apenas em 2010, o Flamengo recebeu mais de R$ 4 milhões em royalties adicionalmente ao contrato, em função do volume expressivo de vendas.

Receitas de royalties decorrem das vendas no varejo. Normalmente os clubes recebem cerca de 10% sobre o preço de atacado da peça vendida.

As vendas, por sua vez, guardam relação direta com preço e distribuição (os dois Ps de marketing, mais importantes nesse segmento). Como, no caso do Flamengo, o preço tende a ser semelhante, seja qual for o fabricante, a variável chave para o desempenho das vendas e, conseqüentemente, da receita variável recebida pelo clube, será a Distribuição.

Isso é ainda mais verdadeiro para um clube popular como o CRF.

A capacidade de distribuir é função direta de três fatores:

- a rapidez na concepção e desenvolvimento dos produtos (já que a dinâmica desse mercado é sujeita a flutuações rápidas e repentinas, pelas demandas causadas por grandes vitórias, derrotas ou títulos);
- a capacidade de fabricação; e,
- o número de pontos de venda.

Em resumo, para se obter sucesso em termos de volume de vendas, no caso de uma marca como o Flamengo, o parceiro deverá ser ágil em conceber e lançar produtos, ágil em fabricar e possuir grande e eficiente rede nacional de distribuição.

Muito embora seja difícil estimar o potencial de venda variável de cada um dos contratos aqui analisados, dada a natureza subjetiva dos mesmos, é perfeitamente possível analisar os dados relacionados a cada um dos três fatores, para Olympikus e Adidas.

Assim sendo, vamos à comparação:

Comparativo dos Fatores Chave para a Geração de Receita Variável.
Olympikus x Adidas.
ParceiroFábricas PrópriasConcepção dos ProdutosPontos de Venda no Brasil
AdidasZEROFeita na Alemanha. Prazo:  concepção ao lançamento, 3 a 6 meses.Cerca de
1.200
Olympikus21Feita no Brasil. Prazo:  concepção ao lançamento 15 dias.


Cerca de
10.000




Fica claro que existe uma enorme diferença entre a capacidade de conceber, fabricar e distribuir das duas empresas. É natural que isso tenha forte impacto sobre a receita variável gerada por cada contrato para o Flamengo, especialmente em momentos de grandes vendas (grandes vitórias, títulos, lançamentos de novos produtos, etc.).

Claro, há de se considerar que a Adidas possui distribuição Global e a Olympikus não.

Aliás, um dos aspectos positivos citados na imprensa sobre a proposta da empresa alemã, seria exatamente o acesso do Flamengo à distribuição internacional. Será que isso procede? É público e notório que marcas globais como Adidas e Nike, trabalham sempre, apenas um pequeno grupo de clubes europeus, em sua rede de distribuição internacional.

Recentemente, um episódio envolvendo a Sociedade Esportiva Palmeiras, patrocinada pela Adidas, demonstrou bem essa política.

O Palmeiras se queixou publicamente que, apesar de ter sido em 2010 um dos seis maiores vendedores de camisas de futebol com a marca Adidas, não teve acesso à distribuição Global, sendo preterido por equipes européias que venderam muito menos camisas naquele ano.

A Adidas se defendeu, alegando que o critério que determina o mix de produtos em suas lojas internacionais são os pedidos dos lojistas e não sua vontade própria. Curiosamente, no caso do Flamengo, parece ser diferente. Fica a pergunta, estaria a Adidas disposta a assumir, de forma objetiva, quantificável e por escrito, com multa pesada por descumprimento, o compromisso de distribuir camisas do Flamengo em todas as suas lojas internacionais, de forma idêntica ao que faz com clubes como Chelsea, Real Madrid, e Bayern?

Voltando à hipotética inclusão do Flamengo no “Grupo A” dos clubes atendidos pela Adidas, como citado pela imprensa, podemos imaginar como isso se daria.

O chamado Grupo A ou de Elite, é formado pelas três ou quatro marcas de clubes mais prestigiados, atendidos mundialmente pela Adidas, são eles: Bayern Munich, Chelsea e Real Madrid.

Tais clubes recebem dois tipos de tratamentos diferenciados:

a) Acesso à distribuição Global da Adidas (como analisado anteriormente); e,
b) Remuneração bem acima da média das outras equipes.
Uma vez que já avaliamos a questão da probabilidade de inclusão do Flamengo no grupo de elite de distribuição global da Adidas, vamos direcionar nosso foco para a remuneração recebida pelas equipes do Grupo A da Adidas, de modo a verificar se, uma vez aceita a proposta de R$ 35 milhões/ano, estaria o Flamengo incluído no referido grupo por esse critério.

“Grupo A” dos Clubes de futebol patrocinados pela  Adidas.

Valor do patrocínio convertido para R$ Milhões/ano

Fonte: Sportcal (maior banco de dados de informações sobre patrocínios esportivos do mundo). Valores em Euros, convertidos para Real à taxa de 2,49.

Obs.: O contrato com o Real Madrid estará encerrado em 2012 e deverá ser renovado com grande aumento de valor.

Uma breve análise, nos mostra de forma muito clara, que uma proposta de R$ 35 milhões/ano, nem de longe credenciará o Flamengo a ingressar no Grupo A da Adidas. Na verdade, o Flamengo ficará atrás de clubes como o Ajax e o Lyon, que integram um grupo de importância secundária, a nível global, para a Adidas.

Finalmente, é possível concluir que a diferença entre os contratos é de R$ 8 milhões/ano, e que deve diminuir sensivelmente, graças a diferença da capacidade de gerar receitas variáveis entre as empresas, com grande vantagem para a Olympikus (como demonstrado).

 É possível ainda, concluir que outros ganhos para o clube, embutidos na proposta da Adidas, como acesso a sua rede global de distribuição e inclusão no seleto grupo dos clubes mais bem pagos pela marca alemã, não procedem ou não podem ser comprovados.

Nesse momento, é necessário voltar nossa atenção para o que talvez seja o ponto mais importante desta análise, o prazo de duração do contrato.

O futebol brasileiro, e mais que isso, a economia brasileira, passa por um momento muito especial. No caso do futebol o incremento das receitas de marketing ao longo dos últimos anos deve prosseguir, ainda que ajustes no modelo possam e devam ocorrer ao longo do caminho.

Nos últimos oito anos, a receita anual com patrocínios dos clubes brasileiros cresceu de US$ 42M para US$ 182M.  Em 2014, o valor projetado pelo mercado para essa receita é de US$ 371M.

Entre 2003 e 2014, o crescimento acumulado, projetado, é da ordem de espantosos 800%.

Receita Total dos Clubes Brasileiros com Patrocínios, US$ Milhões.

Ainda que seja provável uma diminuição nesse ritmo de crescimento, todas as projeções indicam que, nos 10 anos subseqüentes (2014-2024) exatamente o período da proposta feita pela Adidas, essa taxa de crescimento deverá permanecer muito alta.

Claro que este fato tem profundas implicações para o contrato, se celebrado por 10 anos como proposto. Fica evidente que muito antes do fim do contrato, mesmo corrigido pela inflação, o valor da proposta estará muito aquém do seu valor de mercado. Se, por exemplo, o crescimento das receitas de marketing no futebol brasileiro no período 2014-2024, for metade do crescimento no período 2004-2014 o contrato sofrerá uma perda de 400%!!!

Celebrar um contrato dessa natureza, em um momento como este, com a Adidas, Olympikus ou qualquer outro parceiro, por dez anos, prevendo apenas a correção monetária seria claramente desastroso para o Flamengo, com gravíssimas conseqüências futuras para o clube.

3 – CONCLUINDO

É preciso decidir considerando todos os fatos, de maneira técnica e objetiva.
Nossa conclusão é:

a)    Os valores fixos entre o que pagará a Olympikus em 2014 e o que se propõe a pagar a Adidas na mesma data, são muito mais próximos do que tem sido divulgado, cerca de 30% de diferença pró Adidas. Resta saber se a Olympikus estaria interessada em cobrir essa diferença para renovar.
b)   Além disso, está claro que existe uma grande defasagem entre a capacidade de cada empresa gerar receitas variáveis para o Flamengo. Tal fato, precisa ser considerado na análise das propostas.
c)    Finalmente, o prazo de 10 anos de contrato seria um desastre completo para o Clube, não importando o parceiro, em função do momento do mercado brasileiro.
Espero ter podido contribuir através dessa análise, para que conselheiros e torcedores rubro negros possam entender e julgar o que é melhor para o Flamengo.

Fonte: Por Arthur Muhlenberg - Urubublog- Globo Esporte