Faz muitos anos que o
Flamengo deixa de ganhar uma verba considerável por não ganhar um centavo de
lojas que se dizem oficiais. Nação Rubro-Negra, Flaboutique, 100% Rubro-Negro,
Ninho da Nação, Flanático… São dezenas de comércios em todo o Brasil que lucram
com a venda de produtos licenciados, inclusive uniformes, mas não pagam
royalties ou taxas ao clube.
Um dos modos mais razoáveis
para contar quanto o Flamengo perde todos os anos, em dinheiro, por não ter uma
rede de lojas, é a comparação com o Corinthians. “O Corinthians é um parâmetro,
mas o Flamengo tem de ser maior. Eles estão mais avançados, mas o Flamengo é
muito mais bem distribuído no país e tem um potencial maior”, afirma Fred Luz,
diretor de marketing flamenguista.
O Corinthians recebe, por
ano, cerca de R$ 7 milhões, segundo apurou o NEGÓCIOS FC. A verba
corresponde aos royalties pagos pelos mais de 100 lojistas da rede de franquias
operada pela SPR.
Agora, o Flamengo dá o
primeiro passo para lucrar com as lojas. Fred, por muitos anos executivo de
varejistas como Lojas Americanas, Casas Sendas e Mesbla, montou um contrato
para tentar regularizar todas as lojas que, por enquanto, dizem ser oficiais
sem pagar nada ao clube.
“O mercado do Flamengo é
violentamente poluído por produtos piratas”, diz Fred.
A ideia é que os lojistas
assinem este contrato, paguem uma quantia inicial e passem a repassar um valor
fixo mensal para os cofres do clube. Em troca, eles ganham privilégios no
fornecimento de produtos licenciados, uma certa proteção, e passam a poder dizer
que são lojas genuinamente oficiais. O Espaço Rubro-Negro foi a primeira loja a
aderir a este novo modelo. “Aqueles que não desejarem ser parceiros vão ficar,
de uma forma muito clara, caracterizados como piratas”, explica.
Nada impede que, daqui a algum
tempo, o Flamengo se aproxime do modelo usado por outros times de
futebol – em geral, os clubes cedem a operação da rede de franquias para
uma empresa, como Meltex e SPR, as duas que atendem as principais equipes
brasileiras, e recebem royalties e taxas pela cessão da marca. “No futuro,
teremos uma marca, um modelo de loja padrão, mas vamos dar este primeiro passo
e um tempo para que as lojas façam a migração”, completa o diretor.
E a Adidas?
Apesar dos esforços do Flamengo para regularizar todas as lojas “piratas”, quem tem poder de decisão sobre este assunto é a Adidas, a fornecedora que assume o lugar da Olympikus em maio.
A fabricante alemã é, por
contrato, dona de todos os direitos de confecção de produtos do clube. Ou
seja, ninguém mais pode fabricar uma camiseta sem a autorização da Adidas.
O modo mais eficaz para
forçar que lojas “piratas” assinem o contrato proposto por Fred Luz e se tornem
oficiais é estrangular a distribuição. Se esses comércios param de receber os
uniformes do Flamengo fornecidos pela Adidas, por exemplo, os lojistas seriam
praticamente obrigados, por razões financeiras, a aderir ao projeto e repassar
parte dos lucros ao clube.
Mas o Flamengo não quer um
rompimento tão drástico.
“Não vamos partir para um
modelo de ruptura. Esta é nossa filosofia. Temos um modelo de inclusão das
empresas e das pessoas que há muito tempo vendem produtos do Flamengo”, conta
Fred. Uma ação conjunta com a Adidas para cortar os canais de distribuição às
lojas “piratas” tampouco agrada ao diretor. “Não tenho este tipo de acordo com
a Adidas e nem vou entrar nessa conversa”.
Procurada pelo NEGÓCIOS
FC, a Adidas preferiu não se posicionar a respeito.
Fonte: POR RODRIGO CAPELO
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